sexta-feira, 30 de março de 2012

"Histórias de Macau", de Altino do Tojal

Altino do Tojal, autor de "Os Putos", nasceu em 26 de Julho de 1939, em Braga. Numa entrevista conduzida por Luís Souto (em "A Página da Educação") conta como desde miúdo tinha o sonho de ir ao Egipto:
Minha tia Emília morrera há muito tempo, de cancro, e o meu avô morrera também, de velhice. Vi-me só. Era novo, tinha a cabeça cheia de sonhos, começava a escrever. Não tinha onde cair morto, mas decidi ir ao Egipto. Findava os anos 50, era o tempo da grande emigração. Enfiei as mãos nos bolsos e atravessei a fronteira, por Lindoso, descontraído, a assobiar, sem passaporte, sem dinheiro, mas com a cabeça fervilhante de projectos literários. Propunha-me atravessar uma catrefada de países, trabalhando aqui e acolá (em quê, se eu não sabia fazer nada para além de escrever?), até chegar ao Egipto, onde faria umas escavações, desenterraria uns tesouros, para depois regressar cheio de fama...
Deste excelente contador de histórias, temos aqui "Histórias de Macau", na edição da INCM.

sábado, 24 de março de 2012

Viagens e turismo em bicicleta

Esteve anunciado para dia 31 deste mês, mas tivemos de adiar para 14 de Abril: vamos ter cá o Ricardo Sobral e o Pedro Carvalho a falar sobre " Viagens e turismo em bicicleta", tanto numa perspectiva urbana como em BTT. Essa semana e a seguinte serão dedicadas à bicicleta.
Dois links para abrir o apetite:
http://bicicletanacidade.blogspot.pt/ (o blogue do Ricardo)
http://pt-br.facebook.com/B.CulturadaBicicleta (da revista B - Cultura de Bicicleta, de que o Pedro é director)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Um festim para os sentidos

Nós não comemos apenas legumes ou carne; comemos também um imaginário, contos, maneiras de estar juntos.
Chitrita Banerji, nascida em Calcutá, escritora-viajante e historiadora da cozinha mundial, colabora regularmente com as revista Granta e Gourmet.
Em "Le festin indien" (a versão de bolso, em inglês, vai chegar à nossa livraria em breve), a autora narra os três anos que passou nas estradas de doze regiões indianas, entre mercados e cantinas de templos, aldeias tribais e palácios de nababos.
A gastronomia indiana revela bem os encontros multiculturais da história deste gigante asiático: persas, judeus, mongóis, árabes, portugueses, ingleses, todos acabaram por deixar uma marca, um travo na cultura do país.

sexta-feira, 16 de março de 2012

A propósito de "O Murmúrio do Mundo", de Almeida Faria

François Pyrard (1578-1621), nascido em Laval, parte do porto francês de Saint-Malo, na Bretanha, a 18 de Maio de 1601. Naufraga nas Maldivas, onde é feito prisioneiro. Após 5 anos, chega finalmente à costa indiana. Após uma longa estadia em Goa, é enviado para Lisboa para ser julgado por espionagem. Fortes tempestades obrigam o navio a desviar o curso para São Salvador da Bahia, de onde seguirá para a Galiza, chegando finalmente a La Rochelle a 5 de Fevereiro de 1611.
Este primeiro relato francês sobre as Índias é um grande clássico da literatura de viagem e, como recorda Almeida Faria no recente (e interessantíssimo) "O Murmúrio do Mundo" (Tinta-da-China), o mercador francês, nas mais de cem páginas que dedicou a Goa, considerou que o Convento de São Francisco de Assis era o mais belo e rico do mundo e que a Rua Direita, com mais de mil e quinhentos passos, estava cheia de luxuosas lojas e tendas.

quarta-feira, 14 de março de 2012

À mesa com o Médio Oriente

Não se pode falar do Médio Oriente sem referir a gastronomia. Abençoada gastronomia!
Os livros são tantos que a dificuldade está realmente na escolha. Assim, deixámo-nos levar por um que tem uma capa e um título particularmente atractivos: "Purple Citrus & Sweet Perfume", onde fomos buscar algumas das receitas que propusemos durante estas semanas em que a Síria, o Líbano e a Jordânia ocuparam as mesas centrais na livraria.
Pilaf com ervilhas, alperces e pistáchios; Flores de courgette recheadas com caranguejo e gambas; Bolo de laranja e noz com xarope de flor de laranjeira... Tanta coisa ainda por experimentar. Fica a promessa de que voltaremos rapidamente a esta zona (mais país menos país).
Refira-se que a autora do livro, Silvena Rowe, nasceu em Plovdiv. Como refere na badana, "a apenas 500 quilómetros da capital otomana, Constantinopla". Excelentes referências, portanto. Bom apetite!

terça-feira, 13 de março de 2012

Próximo destaque: Islândia. E com fotos de João Maia

No próximo sábado, dia 17, vamos das terras quentes do Médio Oriente para o frio do Norte: a Islândia, um país de paisagens de cortar a respiração, e do qual pouca gente sabe alguma coisa, para além de que tem vulcões, graças ao caos que se viveu no transporte aéreo devido à erupção de um deles recentemente.
Às 17h, inauguramos a exposição de fotografia Terra de Fogo e Água (sobre a Islândia), de João Maia, que falará sobre a sua viagem ao país.
Fica aqui o site http://www.jmaia.net/, onde podem ver as belíssimas fotos do autor.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Agatha Christie na Síria

Agatha Christie acompanhava o seu marido nas escavações arqueológicas. Como nos recorda Alexandra Lucas Coelho no prefácio do livro, "Foi no deserto sírio, no intervalo dos cacos, que Agatha Christie escreveu muitos dos seus crimes. 'Na Síria' é a memória de como foi inteiramente feliz ali. Os árabes gostavam quando ela chegava. Tudo a fazia rir."
"Julgo que não pode haver no mundo um sítio tão belo e tão tranquilo", diz a mais célebre autora de livros policiais, referindo-se a Sheikh'Adi, o santuário sagrado dos yezidis, situado de Mossul.
Como complemento desta edição da Tinta da China, leia-se ainda a sua "Autobiografia", recentemente publicada pela ASA.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher e os direitos das mulheres árabes

Por ser 8 de Março e por estarmos a destacar países do Médio Oriente, fica aqui o apelo das mulheres árabes pela dignidade e igualdade a que ainda não têm direito. Está na edição online de hoje do jornal francês Le Monde:


http://www.lemonde.fr/journee-de-la-femme/article/2012/03/08/l-appel-des-femmes-arabes-pour-la-dignite-et-l-egalite_1653328_1650673.html

quarta-feira, 7 de março de 2012

Um romance no tempo do Lawrence da Arábia

"Dreamers of the Day" é um romance de Mary Doria Russell que tem como pano de fundo um evento que irá marcar a História.
Fugindo das sequelas da Primeira Guerra Mundial e da epidemia de gripe, a professora Agnes Shanklin decide realizar a sua viagem de sonho, ao Egipto e à Terra Santa. Quando chega ao Hotel Semiramis, no Cairo, está prestes a começar a Conferência de Paz que dará origem ao moderno Médio Oriente.

Entre os presentes encontram-se figuras como Churchill e T. E. Lawrence. Em breve nascerão as nações do Iraque, Síria, Líbano ou Jordânia, que redefinirão o mundo árabe. No meio da intriga, Agnes Shanklin conhece um espião alemão...

Saiba mais sobre esta autora em http://www.marydoriarussell.net/

terça-feira, 6 de março de 2012

Agostinho Mendes na Palavra de Viajante

No próximo sábado, dia 10, às 17h30, o fotógrafo e trekker Agostinho Mendes vem partilhar a sua viagem do Cairo a Telavive, com passagem pelo Wadi Rum (وادي رم, em árabe) referência primordial na vida de Lawrence da Arábia. Este vale, situado no sul da Jordânia, a este de Aqaba, é também conhecido como Vale da Lua.

Agostinho Mendes é um dos fundadores do projecto Próxima Viagem. Fica aqui o link: http://www.proximaviagem.com/autor/agostinho-mendes/

sábado, 3 de março de 2012

O Oriente Próximo, pelo olhar de Alexandra Lucas Coelho

Quando está prestes a sair mais um livro de Alexandra Lucas Coelho, e por estarmos a destacar a Jordânia, o Líbano e a Síria, recordamos "Oriente Próximo", que resultou de viagens da jornalista a Israel e aos Territórios Palestinianos Ocupados, desde 2002, e enquanto correspondente do jornal Público, em 2005 e 2006. A edição, de 2007, é da Relógio d'Água.
Por ser uma fiel e bonita resenha, ficam aqui as palavras de António Pinto Ribeiro:
"Começar este diário com o livro “Oriente Próximo”, de Alexandra Lucas Coelho, tem como propósito um olhar para a actualidade focado sobre o exterior – o Médio Oriente –, uma região de conflito permanente. Porque é começar também por um dos mais difíceis, estranhos, nebulosos, confusos acontecimentos da actualidade. São tantas as notícias sobre o Médio Oriente e dizem tão pouco. Há uma tal opacidade nos media, que contam histórias já conhecidas criando um inferno de imagens sem solução e, no entanto, e paradoxalmente, é uma jornalista que resgata esses lugares porque fala a partir do interior e do vivido. Fala das pessoas e das suas contradições, das crianças e dos estudos, dos objectos, das traduções de poesia, dos bares, da beleza de mulheres e de homens, da desistência de uns e da teimosia de outros, da fome e das guloseimas. Fala, relatando os episódios e contando os detalhes que tornam compreensíveis uma história antiga, as suas razões e as suas causas. O Oriente Próximo é um livro contra a anestesia política, contra a indiferença que contaminou a burguesia global. É um livro de amor por pessoas suspensas na vida e nos territórios." (em www.antoniopintoribeiro.com)

sexta-feira, 2 de março de 2012

O Líbano através dos olhos dos escritores

O Líbano sempre foi uma região apetecível. Nele se podem encontrar ainda vestígios das muitas civilizações que por lá passaram, com mais ou menos impacto: túmulos fenícios, templos romanos, castelos góticos, veneráveis mesquitas e igrejas. Os próprios libaneses transportam a sua história no seu código genético. Dezenas de grupos étnicos e religiosos, todos defendendo teimosamente os seus ritos e tradições, numa sociedade onde a política dá forma à religião e vice versa.
A violência, a beleza, a poesia, a luta, o humor, um ou outro inspirador exemplo de harmonia entre culturas, todos aparecem reflectidos através dos olhos dos escritores de cujos textos esta colectânea é feita: Homero, Heródoto, Ibn Battuta, Girolamo Dandini, Gérard de Nerval, Mark Twain, Pierre Loti, Flaubert, T. E. Lawrence, Mahmoud Darwish, Amin Maalouf, entre muitos outros.
"Lebanon through writer's eyes" tem uma terceira parte em que se relecte sobre a identidade libanesa e onde é dada voz à religião, dos Druzos aos Maronitas.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Grande Guerra pela Civilização

A propósito do destaque dado ao livro de T. E. Lawrence, colocámos no escaparate o livro "A Grande Guerra pela Civilização. A Conquista do Médio Oriente", do jornalista inglês Robert Fisk (das Edições 70, já em 2.ª edição).
Nesta obra, o autor retrata os diversos conflitos que têm lugar no Médio Oriente, a sua génese e os seus intervenientes, em descrições por vezes de um realismo atroz – a crueza dos combates, a luta sem quartel, o cinismo das decisões. Note-se que, neste caso, Médio Oriente deve ser entendido em sentido lato, pois os relatos do autor vão desde a invasão soviética do Afeganistão em 1980, até à(s) guerra(s) da Argélia. Por outro lado, o fio da História que percorre a obra permitirá ao leitor perceber as causas dos conflitos que grassam na região, seja na Palestina ou no Iraque: e Fisk mostra-nos que não se aprendeu com os erros do passado. Uma obra compósita, misto de crónica, relato de correspondente de guerra, evocação memorialista, de alguém que vive e noticia sobre a região há mais de 30 anos.
Mais um livro que nos ajuda a compreender melhor o que se passa na actualidade nesta região do mundo.
Robert Fisk é correspondente estrangeiro para o Médio Oriente, e cobriu todos os conflitos da região desde 1976, alargando até o seu raio de acção ao Afeganistão, cuja invasão em 1980 noticiou, com reportagens no local. Reside em Beirute, no Líbano, país a que dedicou uma obra monumental, Pity the Nation. Escreveu ainda dois livros sobre o conflito na Irlanda do Norte.
Fica aqui o link para os seus artigos no The Independent, sempre plenos de interesse.
http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/