sábado, 25 de junho de 2011

Está alguém a ouvir?

Eis uma imagem que se tem repetido nas praças principais das maiores cidades galegas por onde temos passado: gente acampada, reunida a discuir o que fazer a seguir e, à noite, uns quantos mirones de meia idade que vêm observar e, por vezes, até participar nos debates.
Reivindicam o mesmo que noutros países, Portugal incluído: maior justiça social, melhores políticos, menos corrupção, acesso ao mundo do trabalho. Um exercício de cidadania. Mas estará alguém a ouvir?

Mais uma crónica de duas portugas pasmadas

Depois de Alvarinho no copo, Alvarinho no prato: primeiro, uma dose de caracoles (ou seja, caracoletas) al albariño e, logo de seguida, umas ameijoas à marinheira, que navegavam em vinho galego.


Toda esta interessantíssima história se passou num restaurante em Santiago de Compostela, plena de peregrinos, como lhe compete. Quem também calcorreou estas ruas foi o escritor Gonzalo Torrente Ballester (1910 - 1999), outro vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias, autor do delicioso livro Crónica do Rei Pasmado (1989, com edição portuguesa pela Caminho), que inspirou um igualmente divertido filme, realizado por Imanol Uribe, e com um Joaquim de Almeida em grande forma no papel de um padre jesuíta (ou talvez não!).


E, por falar em autores galegos, passámos ainda pela terra natal de Rámon Valle Inclán (1866 - 1936), escritor modernista, da chamada geração de 98, que incluiu Antonio Machado, Unamuno ou Rubén Darío, entre outros.

Galiza terra de escritores

Em Padrón, mais conhecida pelos seus pimentos, encontrámos referências literárias de monta: a escritora e poetisa Rosalía de Castro (1837 - 1885) e Camilo José Cela (1916 - 2002), Prémio Nobel da Literatura em 1989, Prémio Cervantes, em 1995, e Prémio Príncipe das Astúrias, em 1987. Entre a obra abundante deste escritor, encontram-se cerca de uma dúzia de livros de viagem. Deixamos dois títulos para abrir o apetite: Páginas de geografía errabunda (1965) e Galicia (1990).

Hoxe recomendamoslles bogavante e polbo a galega


Palavra de Viajante anda a passear pela Galiza e não pára de tropeçar com as semelhanças com Portugal: gente simpática, boa comida, praias de areia branca, uma pronúncia do norte e uns belos Alvarinhos. Perdão, Albariños.

Para comemorar tamanha comunhão, eis-nos em A Toxa, nas Rías Baixas, a pedir uma Parrillada de Marisco, que estava verdadeiramente deliciosa. Esta localidade, conhecida como o Paraíso do Marisco, é também recomendável pelo Arroz de Lavagante e outros crustáceos pré-históricos, que aqui são nados e criados em viveiros no meio das águas.