segunda-feira, 18 de abril de 2011

Onde se fala de biscoitos, de orelhas e de boca, mas não de francesinhas

Hoje voltamos a não falar de francesinhas. E como amanhã rumamos a Sul, talvez já só falemos de alfaces ou de sopa caramela.
E por falar em comida, há uma confeitaria em Matosinhos que se chama Padaria Ribeiro e que tem grande variedade de especialidades. Esta casa de tradição biscoiteira nasceu no Porto nos finais do século XIX e merece uma visita, nem que seja virtual: http://www.padariaribeiro.com/site/conteudos.asp?id=1. Este parece ser um dos vértice de um triângulo LeV, sendo os outros dois a Biblioteca e o restaurante Mauritânia Real, onde se come lindamente (incluindo aquelas sandes de inspiração gaulesa, cobertas de molho, que levam bife do lombo, salsicha, linguiça, fiambre e queijo, de que dissemos que não íamos falar).

A viagem esteve mais presente hoje do que nos dias anteriores. E, na última mesa da tarde, Ondjaki recordou-nos que devemos reaprender a escutar o Outro. Já alguém dizia que se temos duas orelhas e só uma boca é para ouvirmos mais do que falamos. E viajar pode e deve proporcioná-lo.

Gostaríamos ainda de referir o texto de Karla Suárez, lido pela própria, sobre a sua cidade natal, Havana, e que, infelizmente, não está editado em Portugal.

domingo, 17 de abril de 2011

Do Porto ao Cairo de metro


Na mesa subordinada ao tema Da Ficção à Realidade, as palavras mais interessantes vieram do escritor chileno Luis Sepúlveda, que nos recordou como a primeira se torna realidade, por mais incrível que possa parecer, e como por vezes se transforma em pesadelo, como o que está a acontecer na Patagónia que tão bem tem descrito, com a acção irresponsável da indústria do salmão.
No âmbito do LeV, está patente a exposição Subway Life, com os desenhos que António Jorge Gonçalves fez de pessoas sentadas em carruagens de metro de cidades tão distintas como Tóquio, Estocolmo ou Cairo.

Um 31 de crustáceos



Há uma linha de metro que une o Porto à Póvoa do Varzim. Por uns meros €2,05 e cerca de 45 minutos, chegamos à terra natal de Eça de Queirós, local também conhecido pelo seu casino e pela vida dura dos pescadores.

Não provámos um belo arroz com favas, nem um caldo de galinha com fígado e moela, mas ainda assim tivemos uma simpática experiência gastronómica, sobretudo graças a uns gulosos crustáceos à 31 de Janeiro, e logo este ano em que se cumprem 120 anos sobre o revolucionário acontecimento.

Vem tudo a propósito, pois Eça também foi um escritor de viagens: recordem-se, por exemplo, as notas sobre o Egipto, que escreveu aquando da sua viagem a este país para fazer a cobertura jornalística da inauguração do Canal do Suez, em 1869.

sábado, 16 de abril de 2011

Hoje não se fala de francesinhas (talvez amanhã)

O Intercidades chegou a horas, o Porto estava com um céu azul lindo, o rio convidava a um belo passeio, mas havia que rumar a Matosinhos. Hoje foi o primeiro dia do LeV e, na 2ª mesa do dia, subordinada ao tema Encontro-me a mim próprio viajando, havia duas presenças de peso. Antes de chegar ao destino final, Bloom, a personagem do mais recente livro de Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia, faz escala em Londres e em Paris. Para Bloom, a viagem não é uma mera linha recta a unir dois pontos da forma mais breve possível. Há aqui, ainda, um conceito clássico de viagem que, segundo o autor, talvez tenhamos perdido pois, conforme disse, hoje, quando falamos de viagem, falamos do destino; eliminámos o percurso. Um livro belíssimo, inteligente, luminoso, pleno de referências literárias, sobre o qual se pode saber mais em: http://goncalomtavares.blogspot.com/2010/11/uma-viagem-india-no-brasil-angola-e.html Gonçalo M. referiu ainda que viajar aumenta a lucidez. Já José Luís Peixoto referiu uma peça de Tennessee Williams em que se diz que as maiores viagens não são no espaço mas sim no tempo. Donde, vir a Matosinhos é uma viagem enorme pois aqui voltamos a ser "meninas". Uma delicadeza suprema das gentes do Norte!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Literatura em Viagem em Matosinhos


Tem como lema uma frase de Eduardo Lourenço: "Mais importante que o destino é a viagem", chama-se LeV - Literatura em Viagem, começa amanhã e prolonga-se até 19 de Abril, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos.

O chileno Luís Sepúlveda, um escritor que tanto nos faz viajar, é uma das presenças confirmadas, para além de muitos outros autores nacionais e estrangeiros.

Entre mesas com autores a falar de "o futuro é uma viagem da memória" ou a tentar responder à pergunta "onde começa a memória e acaba a viagem?" (entre outras) e lançamentos de livros, Palavra de Viajante lá estará!


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cartuxas e cartuxos







A Adega da Cartuxa, em Évora, pertence à Fundação Eugénio de Almeida. Deve o seu nome à proximidade do Convento da Cartuxa de Santa Maria de Scala Coeli (erigido em 1587 e restaurado em 1960 por Vasco Maria Eugénio de Almeida), único mosteiro contemplativo masculino em Portugal, e sobre o qual foi editado o livro O Segredo da Cartuxa, com textos de Paulo Moura e fotos de Nacho Doce.

No passado sábado, decorreu um curso de Provas de Vinho, entre as 10h00 e as 19h00. Como a livraria Palavra de Viajante vai ter um espaço de café onde se servirá vinho a copo, decidimos ir fazer o curso. Às 10h15, fizemos uma prova em copo preto, pelo que só pelo olfacto se pode alvitrar se é branco, tinto ou rosé, pois pelo olhar não se distingue.

O último copo, já perto das 19h00, foi um Cartuxa Tinto Colheita 2008. Entre os dois, olhámos, cheirámos, provámos e não descartámos (cuspir, em português não-enólogo) mais sete vinhos, contando com os do almoço.

Frutos vermelhos, ananás, pimenta, pêlo de cão molhado, rabo de ovelha, alho, almíscar, evanescente, antão vaz, granada, viognier, acídulo, chocolate, charuto, manteiga derretida, canela, roupeiro e tantas outras palavras que ainda nos enchem o palato (felizmente, não todas) e que nos deixaram com vontade de aprofundar o conhecimento sobre o bom vinho que se faz em Portugal. Uma curiosidade para aqueles que gostam de acumular informação: juntos, Portugal e Espanha têm mais castas do que o resto do mundo.

Para saber mais sobre a Fundação Eugénio de Almeida, que, entre outras valências, tem um espaço de exposição de arte moderna e contemporânea, visite o site http://fundacaoeugeniodealmeida.pt/.

Palavra de viajante está de volta...


... e em versão edificada.

Na Rua de São Bento, n.º 30, em Lisboa, vai nascer uma nova livraria: Palavra de Viajante. Como o nome indica, será dedicada a viagens e a viajantes. Estando a abertura prevista para Setembro de 2011, relançamos este blogue, que será alimentado semanalmente. Gostaríamos de recuperar os nossos fiéis seguidores, apesar de passarmos a restringir os assuntos abordados à temática da livraria e/ou ao que terá de ser feito até que possa abrir portas. E como as viagens compreendem várias vertentes, e sensíveis às tendências gastronómicas e vitivinícolas de quem nos lê fervorosamente, e que não nos reconheceria se as omitíssemos, continuaremos a abordar estes absorventes assuntos.