sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Não há GPS que possa competir com estes mapas

Nas últimas duas ou três semanas temos recebido livros extraordinários sobre mapas. Não é apenas cartografia geográfica (como se isso fosse pouco), mas também a arte de mapear aspectos não físicos. Como a mente. Ou culturais. Ou outros. A profusão e riqueza das abordagens, sempre acompanhadas de ilustrações magníficas, torna difícil a escolha de apenas um dos títulos disponíveis. E vêm mais a caminho!

Para os mais curiosos, fica aqui um exemplo:
The Art of The Map, de Dennis Reinhartz, com edição cuidada da Sterling.
Trata-se de uma história ilustrada do período áureo da cartografia (século XVI a XIX), que explora não só as figuras que embelezam os mapas, como o que elas significavam para quem as criou. Esta contextualização de monstros (reais ou imaginários), navios (verdadeiros ou meros arquétipos), flora recém descoberta (como o milho ou o tabaco), fauna variada (de búfalos a unicórnios), seres divinos e povos nativos. Imagens que ilustram todo um mundo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Irão, ontem e hoje




É já amanhã, dia 24 de Novembro, que inaugura a exposição de fotografia sobre o Irão. Às 17h, Siavash Laghai e Simon Davis vão falar-nos do país. São duas visões com 30 anos de intervalo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A estrada para Oxiana


Em breve partiremos do livro "The Road to Oxiana", de Robert Byron, para destacar o Irão.


Neste âmbito, no dia 24 de Novembro, às 17h, teremos um iraniano – Siavash Laghai – e um inglês – Simon Davis – a falarem-nos do Irão. Duas visões com 30 anos de intervalo, acompanhadas de uma exposição com fotografias suas.   Em 1933, o inglês Robert Byron partiu para uma viagem ao Médio Oriente via Beirute, Jerusalém, Bagdad e Teerão, até Oxiana – a região do Oxus, o antigo nome do rio Amudária que, na altura, fazia parte da fronteira entre o Afeganistão e a União Soviética.

Desta viagem, plena de aventuras por uma região repleta de tesouros arquitectónicos (que o autor considera mais extraordinários do que Versailles), Byron faz um relato entre o maravilhado e o divertido, deixando no leitor uma vontade imensa de lhe seguir as pegadas até à lendária torre de Qabus.

O livro figura numa lista dos 20 melhores livros de viagens (limitada a autores anglófonos e tão parcial como qualquer outra) e é por muitos considerado o "Ulisses" da literatura de viagens.   Urge uma edição em português, sobretudo agora que o género tem vindo a despertar de forma particular a atenção dos leitores.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Viajar com Steinbeck


Por causa de um cliente que nos veio visitar para partilhar connosco o ter realizado um sonho antigo - percorrer a Route 66 - fomos até à estante dos Estados Unidos da América e recordámos "Viagens com o Charley", que temos no original e na edição dos Livros do Brasil (esta, infelizmente, em vias de extinção).
Não sendo das obras mais conhecidas de John Steinbeck (em comparação com "As Vinhas da Ira" ou "A Pérola" - este último por vocação escolar, ou ainda o maravilhoso "Bairro da Lata" que o cinema ajudou a divulgar), este relato de uma viagem do autor pelo seu país, acompanhado do cão Charley, é um extraordinário conjunto de visões de apurado sentido crítico, por vezes politicamente bastante incorrectas e hilariantes, o que não é de mais elogiar nos dias que correm.
Por as palavras de Steibeck serem mais do que suficientes, fica um excerto, dos muitos possíveis:
"Devo confessar uma certa negligência a respeito dos parques nacionais. Não tenho visitado muitos. Talvez seja por encerrarem o único, o espectacular, o assombroso - a maior queda de água, o canhão mais profundo, o penhasco mais alto, as obras mais estupendas do Homem ou da Natureza. E prefiro ver uma boa fotografia de Brady do que o Monte Rushmore, pois é minha opinião que expomos e celebramos as singularidades do nosso país e da nossa civilização. O Parque Nacional de Yellowstone não é mais representativo da América do que a Diseyland.
Sendo esta a minha atitude natural, não sei o que me fez virar abruptamente para o Sul e atravessar a fronteira de um Estado para dar uma olhadela a Yellowstone. (...)
Um guarda de aspecto agradável do Parque Nacional fiscalizou a minha entrada e disse depois: - E quanto a esse cão? Não lhes é permitida a entrada a não ser à trela.
- Porquê? - perguntei eu.
- Por causa dos ursos. 
- Oiça - disse eu -, este é um cão único. Não vive à custa dos dentes nem dos colmilhos. Respeita o direito dos gatos a serem gatos, embora os não admire. Desvia-se de preferência a perturbar uma lagarta séria. O seu maior receio é que alguém lhe aponte um coelho e lhe sugira que o cace. Este é um cão de paz e de tranquilidade. Lembro que o maior perigo para os seus ursos será o melindre por serem ignorados pelo Charley.
(...) o Charley é um cobarde, tão profundamente cobarde que aperfeiçoou uma técnica para escondê-lo. E contudo mostrava todas as evidências de querer sair e matar um urso que o excedia de mil para um. (...)
Era demasiado demolidor dos nervos, um espectáculo chocante, como o de ver um velho amigo, calmo, tornar-se um louco. Nenhum conjunto de maravilhas naturais, de penhascos rígidos e de águas em catadupa, de fontes fumegantes, poderia sequer chamar a minha atenção enquanto aquele pandemónio continuava. Após mais ou menos o quinto encontro, desisiti, voltei o Rocinante e refiz o meu caminho."

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"Seda", ilustrado por Rebecca Dautremer




Alessandro Baricco nasceu em Turim, em 1958. Desde o seu primeiro livro, "Castelos de Raiva" (publicado em Portugal pela Difel), Baricco tem dividido a crítica e os leitores.
Os seus romances têm sido comparados a peças de música (área artística a que Baricco não é de todo alheio, tendo inclusivamente estudado piano), aproximando a sua escrita de partituras dos mais variados géneros musicais, com progressões rítmicas, repetições e silêncios próprios.
"Seda" (editado pela D. Quixote), escrito em 1996, é uma música doce e lenta, de uma sensualidade silenciosa, com um ritmo ditado pelas quatro viagens ao Japão, todas iniciadas no princípio do mês de Outubro. A sua circularidade só acentua a lenta passagem do tempo.
Traduzido em mais de 25 línguas, "Seda", continua a ser o seu maior sucesso.

A ilustradora francesa Rebecca Dautremer nasceu em 1971. Em Portugal, há vários livros seus traduzidos. O seu universo, onírico e multicultural, adapta-se perfeitamente à história de Baricco. Aliás, o autor italiano já tinha sido auscultado para a adptação do seu romance e só agora, com a proposta de ser Dautremer a fazê-lo, é que aceitou o repto.
E o resultado é de tirar a respiração. A capacidade de Dautremer traduzir histórias e ambientes em desenhos já tinha sido amplamente demonstrada em "Cyrano" (também ela uma obra de influência oriental). Com "Soie" (ainda só em edição francesa), a elegância do texto está amplamente espelhada nas ilustrações.

Uma bela história, acompanhada de desenhos lindíssimos. Que mais se pode desejar?