quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"A lebre de olhos de âmbar", um livro fabuloso!




"A lebre de olhos de âmbar", de Edmund de Waal, foi finalmente editado em português, pela Sextante.

O autor, oleiro de profissão, recebe de herança de um tio uma colecção de 264 netsuke de madeira e marfim, nenhum maior que uma caixa de fósforos. Este é o pretexto para contar a história desta colecção e, desta forma, a história da sua família, desde que saiu de Odessa no século XIX, para Viena e Paris, dando novo ímpeto aos negócios familiares, uma prática comum a muitos judeus empreendedores nesta época.

A chegada a Paris e a instalação perto do parque Monceau (área então ainda por urbanizar), e a constituição daquela que viria a ser uma delicada colecção, adquirida por Charles Ephrussi (que ajudou de artistas como Renoir ou Manet), levam-nos literalmente numa viagem no espaço e no tempo. Conseguimos reviver esta Paris como se lá estivéssemos. Charles viria, aliás, a ser a grande inspiração para a criação da personagem Charles Swann de "Em Busca do Tempo Perdido", de Proust.

A colecção vai parar a Viena onde, mais tarde, a família sofrerá horrores com o nazismo. A forma como a colecção se salva é digna dos maiores romances alguma vez escritos. Esta é, assim, também uma grande história de amor. Em tempos de paz e em tempos de guerra.

A colecção voltará ao Japão, de onde Edmund de Waal a receberá. E a sua relação com este país deixa-nos de novo deslumbrados. Não sendo um escritor de profissão, de Waal tem algo que, infelizmente, a muitos falta: uma enorme capacidade encantatória e uma mestria absoluta na arte de contar histórias. Naturalmente, sendo sobre a sua família, a história de "A lebre de olhos de âmbar" está-lhe afectivamente muito próxima, mas como sabemos isto não chega. Mas de Waal  dá-nos tudo, e dá-se todo. Ainda bem.

Este foi um dos primeiros livros que vendemos aqui, mas ainda na edição original, em inglês. No primeiro mês de vida da livraria, saíram 3 exemplares (um deles ilustrado), o que o tornou no nosso best-seller por uns tempos.


Mais uma vez, ainda bem, pois é um dos mais belos livros que pudemos ler nos últimos tempos.

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