Os artistas normalmente só mostram a sua persona pública. E nem sempre ficamos a saber quanto desta representa realmente o ser humano que está por detrás.
Em "Diário da Bicicleta" (Quetzal), David Byrne, fundador da banda Talking Heads, revela muito do que pensa sobre diversos assuntos, como a música, o urbanismo, a moda ou a arquitectura, enquanto pedala pelas cidades onde dará concertos. Quanto mais pedala, mais se convence de que o ciclismo urbano favorece um conhecimento mais profundo e enriquecedor dos locais e das suas dinâmicas e pulsações.
E como isto renova o olhar sobre nós próprios. Na página 170, descreve como, de regresso de Buenos Aires, num voo da American Airlines com destino a Miami, "(...) O inconfundível timbre nasalado de um sotaque americano ecoa no avião (...). As vozes irradiam confiança, superioridade (não soam muito flexíveis ou de espírito aberto, e não são). Depois das vogais suaves e sensuais da América Latina, isto - a minha língua - soa duro, cruel, autoritário."
Mais uma prova de que viajar abre os horizontes.
Fica aqui um artigo sobre a paixão do músico e artista plástico pelas bicicletas:
http://mobilidadesuave.org/david-byrne-e-a-bicicleta/
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