É certo que, por estes dias (demasiados dias), a chuva persiste em cair e, com frequência, de forma algo diluviana. Mas, de acordo com o calendário, já é primavera, pelo que o biorritmo humano já clama por passeatas ao ar livre. Foi assim que nos lembrámos de "Wildwood" e de Thoreau.
O livro de Roger Deakin, "Wildwood" é um apreciadíssimo clássico da escrita sobre a natureza. Como o nome indica, trata de madeira, tal como ela existe na natureza, nas nossas almas, na nossa cultura e nas nossas vidas. Desde a nogueira que tem na sua Suffolk natal, o autor embarca numa viagem que o leva através da Grã-Bretanha, passando pela Europa e pela Ásia Central, até à Austrália. O seu objectivo é perceber o que está por detrás da nossa profunda ligação com a madeira e as árvores.
"Wildwood" é um misto de autobiografia (notável a descrição da construção da sua casa em madeira), história, literatura de viagens e história natural.
Este livro é um excelente complemento para "Caminhada" (Antígona, 2012) e "The Maine Woods" (Princeton University Press, 2004), ambos de Henry David Thoreau e ambos excelentes exemplos das sua viagens empreendidas pela natureza - por vezes por trilhos que mais ninguém conhecia - e que eram, sobretudo, belíssimas viagens interiores.